Moradas, Aparições e Intrigas
Gótico: entre o terror e o melodrama
Colocado às 08:51, 01/09/2018
Autor:
Carlos J. F. Jorge
ISBN:
978-989-618-574-9
Edição:
279 páginas
Estado:
disponível
Manifestamente proveniente da primeira “renovação gótica”, à qual nos pareceu dever reservar um lugar importante, o género criado por Walpole caracteriza-se, de modo primordial aos nossos olhos, pelo papel determinante que aí têm as moradas. O imaginário está sempre alojado» (1995: XVIII-XIX). Todo este imaginário da morada passa, de modo mais ou menos evidente, para as heranças mais tardias provenientes do gótico, quer sob a forma de produções romanescas quer cinematográficas. Um dos marcos que muito influíram na passagem desses elementos herdados da produção romanesca do século XVIII, ao longo do século seguinte, para as primeiras produções cinematográficas que dele fizeram eco, foi o dos romances fantásticos criados sob as regras do imaginário romântico, nomeadamente Frankenstein, de Mary Shelley (1818), e Drácula, de Bram Stoker (1897). É neles que se faz sentir com maior evidência o peso da tradição da narrativa de terror alemã que inspirou dois dos clássicos que Lévy considera entre os mais representativos do gótico europeu: The Monk, de Matthew Gregory Lewis, e Melmoth de Wonderer, de Charles Maturin. E não é por acaso que uma das primeiras grandes obras do expressionismo cinematográfico alemão, Nosferatu, de F. W. Murnau, datada de 1922, se tenha inspirado na obra de Bram Stoker, narrativa que se tornou paradigmática da representação ficcional do vampiro. Aí se concentra a amálgama de violência, terror e expressão macabra da narrativa de mistério e suspense, que Lévy atribui à grande força que o imaginário do horror violento, sacrílego e sanguinário, presente no fundo lendário do imaginário folclórico da cultura de além-Reno imprimiu à narrativa gótica, através de M.G. Lewis, que terá recolhido essa tradição do saber popular na sua longa estada em terras germânicas, nomeadamente em Weimar (cf. Lévy,1995: 342). Temas relacionados:
história
literatura
cinema
história de arte
ensaio
culto da morte
história da morte
|